O que de fato é reação para nós? PARTE 2

Reações …
A “Alegria Dourada” voltou para casa, mas para voltar a ter uma vida que fosse equivalente ao significado de seu nome, ela ainda precisaria trilhar um longo caminho. Kim aprendeu a esconder as marcas do horror sofrido. Quando a adolescência chegou, provavelmente a fase de vida que a maioria de vocês leitores está vivenciando, Kim Phuc era apenas uma adolescente anônima que usava roupas de mangas compridas para esconder as cicatrizes que ainda estavam lá sinalizando o que ela tinha vivido quando ainda era uma menina. E então, além de esconder as cicatrizes do corpo, ela ainda lutava as guerras interiores com suas emoções, que afirmavam que suas cicatrizes eram tão feias que nenhum homem seria capaz de amá-la e sequer querer casar com ela. E pensar que eu, quando era adolescente, tinha horror das espinhas que surgiram no meu rosto e desapareciam na semana seguinte sem deixar nenhuma marca para eu ao menos me lembrar de onde estavam. Nós humanos temos a capacidade de manter vivas as situações que vivemos de tal maneira que, mesmo depois de muitos e muitos anos, as nossas ações e reações revelam as expressões da presença e do lugar que aquelas situações ainda ocupam em nossas vidas. E isso é mais forte que as cicatrizes acumuladas em nosso corpo.
Reações …
Em 1980, quando já havia se passado 05 anos do final da guerra do Vietnã, em que os EUA tinham sido derrotados, o mundo todo reagiu perguntando: por onde andará a menina da foto mais famosa da guerra? Afinal, a foto havia se tornado um tipo de herança deixada pelos 16 anos de guerra. Era pro mundo não esquecer o horror e, talvez, como reação secundária, não se esquecer daquela menina. Ao saber do burburinho internacional, os oficiais vietnamitas tiraram Kim da faculdade, que, na época, estava cursando Medicina em Saigon. Essa foi mais uma de suas reações. Diante do cuidado recebido pelos médicos e enfermeiras do hospital onde ela fora submetida às 17 cirurgias plásticas, um anseio foi nutrido em seu coração: “Quero ser médica, quero ajudar outros, assim como fui ajudada!” Mas, que custo-benefício havia para os oficiais vietnamitas em permitir que uma jovem que sofrera os traumas da guerra realizasse um anseio que se tornou um projeto de vida? Ao tirarem Kim da universidade, eles a trouxeram para sua província, submetendo-a trabalhar como secretária do Governo, para mantê-la sob controle, caso a mídia internacional começasse a especular sobre onde ela estava e em que condições estava vivendo. Mas, da mesma maneira que Kim fugiu aos 09 anos de idade para salvar sua vida do fogo produzido pelo Napalm, ela voltou a fugir para salvar sua vida do fogo da repressão. Ela retornou para Saigon a fim de completar os estudos de Medicina, os quais tinham se tornado um ideal de vida para ela. Você pode chamar isso de Reação. Entretanto, o Governo de seu país contra-reagiu também. E a retaliação foi aguda, de forma que, todos os registros acadêmicos da Kim foram destruídos, e, simplesmente, ela não existia mais como estudante. Mesmo sob a vigilância do Governo, Kim conseguia fugir de noite para ter aulas de inglês em Saigon. Seus pais tinham um restaurante e freqüentavam o mesmo templo onde se refugiaram durante os ataques para orar. Os jornalistas sempre a procuravam para que contasse a sua história ao mundo. Mas, ela não dizia nada para proteger sua família e porque o Governo poderia destruir mais que os seus registros acadêmicos.
Reações …
A exposição pública sem poder dizer de fato o que havia ocorrido lhe custou um saldo emocional muito grande. Kim desenvolveu um quadro de depressão … Mais reações. A única coisa que tinha um ganho real para ela em torno de todo a espetacularização dos jornalistas foi a oportunidade que ela teve de se tornar freqüentadora assídua da biblioteca de Saigon e uma leitora voraz. E, nessa mesma biblioteca de Saigon, foi que, pela primeira vez, Kim Phuc leu o Novo Testamento. Por conta da descrição de Jesus ser completamente diferente daquilo que ela havia aprendido quando era criança a partir da tradição Cao Daí – uma mistura de religiões que considerava vital cultuar e consultar os ancestrais já mortos – a jovem começou a questionar sua fé de infância, porque o Cao Daí parecia sem poder algum para curá-la da depressão.
Reações …
Muitas vezes, o marido de sua irmã, um cristão comprometido com Deus, a convidava para ir à igreja e ela, por já ter lido o Novo Testamento, estava muito inclinada e atraída pela fé cristã, mas nutria resistência por causa da religião familiar, até que mais uma reação aconteceu… Após muitos convites negados, num Domingo pela manhã, decidida a ir à igreja, Kim fez sua primeira oração e fez um pedido simples, mas muito significativo para Jesus: “Eu preciso de uma amiga com quem possa conversar. Se eu vir uma garota sentada sozinha na igreja ela será minha amiga”. Interessante esse pedido não?!
De fato, ela chegou à igreja antes de sua irmã e seu cunhado e, quando ele passou pela porta, ela viu uma moça sentada sozinha. Kim se aproximou, sentou-se e se apresentou, e uma aproximação inicial deu lugar ao nascimento da amizade pedida na primeira oração. Talvez num momento tão individualista que o mundo está vivendo, a gente não valorize como deve ser uma oração como essa. Mas, alguém que já sofreu de depressão sabe que um dos pesos que ela deixa sobre os ombros é um profundo senso de solidão. Talvez por isso, depois de anos lutando com uma angústia profunda, a Kim tenha conseguido se alegrar com Deus e com uma amiga.
Deus também age e reage quando dirigimos a nossa voz a Ele.

Reações…
A “Alegria Dourada” recebeu Jesus em seu coração como Senhor e Salvador pessoal e fez a seguinte afirmação: “Foi o fogo da bomba de Napalm que queimou meu corpo, foi a habilidade dos médicos que consertou minha pele, mas foi preciso o poder de Deus para curar o meu coração”.

(CONTINUA)
Texto e foto extraído da página: http://www.jocum.org.br/artigos/reacao, no dia 02 de Março de 2011, às 19:52 horas
Escrito Por:
Hellen Braga em 24 de dezembro de 2009

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